(Itarlan Luz Azeredo - Gameleira)
Uma ave de rapina vivia reclamando da sorte, não aceitava as dificuldades que a sobrevivência lhe impunha. Ela invejava as arvores, porque plantas – dizia ela – recebe tudo sem esforços; ficam ali quietas enquanto o sol, a terra e os ventos suprem gratuitamente todas as suas necessidades.
Ao contrário, aquela ave tinha que voar quilômetros para caçar e, não raro, voltava para a casa com fome. O criador é muito injusto! Se houver outras oportunidades de existência, quero renascer planta... Asseverava a rapineira.
Tempos depois, a ave reclamona aceitou continuar seu aprendizado renascendo como uma linda árvore, mas muito cedo sentiu falta das asas e percebeu que as raízes que lhe davam sustentação ancoravam-lhe o vôo. Quando a brisa afagava-lhe as folhas, aquele pássaro sem asas recordava-se da graciosidade dos vôos que outrora experimentava sem dar a devida importância a eles.
Para compensar a estagnação aparente, aquela árvore pôs-se a crescer... Sua meta agora era voltar aos céus. Cresceu, cresceu e cresceu, mas para alcançar as alturas suas raízes desceram aos umbrais.
G A M E L E I R A
(por Itarlan Luz Azerdo - Gameleira)
À sombra da Gameleira
Eu parei para descansar
Assombrada a Gameleira
Começou a me contar
Seu espírito de ave
Foi em árvore encarnar
Com raízes firmes e fortes
Já não pode mais voar
Relembrando a liberdade
Gameleira quis crescer
Sentir a brisa nas folhas
Sempre ao Entardecer
Então ela cresceu
Sua copa foi aos céus
E pra não cair
Deixou raízes por aqui
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Muito interessante esta mensagem, é um convite à reflexão sobre resignação
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